terça-feira, 28 de setembro de 2010

Demanda do consumidor

Bom dia.A teoria do consumidor terá continuidade neste texto a partir da determinação da demanda, baseado na obra de Hal R. Varian!
Pode-se dizer que os consumidores demandam bens de acordo com a equação x1*p1+x2*p2=m. Lê-se que a quantidade consumida do bem 1 multiplicada pelo preço do bem 1 mais a quantidade consumida do bem 2 multiplicada pelo preço do bem 2 deve ser igual ao orçamento do consumidor.
Esta equação é mais abrangente do que aparenta, pois se considerarmos x1 como a quantidade demandada de um bem analisado e x2 como a quantidade de dinheiro demandada para consumo de todos os outros bens e serviços do mercado ainda assim a equação seria válida. Dessa forma, p2 seria igual a 1 e x2 poderia considerar até mesmo a demanda por poupança de um consumidor.
Tomando a equação como base podemos dizer que a demanda pelo bem 1 de determinado consumidor é uma função dos preços dos bens 1, 2 e da renda.
x1 = x1 (p1,p2,m)
x2 = x2 (p1,p2,m)
Vamos então analisar as variações na demanda com base nas variações nos preços dos bens e também na variação da renda dos consumidores.
A começar pelas variações da renda, podemos dizer que aumentos de renda deslocariam a reta de restrição orçamentaria para fora o que nos levaria a pontos de tangência com curvas de indiferença mais afastadas da origem. Dessa forma, podemos dizer que aumentos de renda nos levaria a escolhas ótimas onde a quantidade de bens na cesta seria maior, no entanto, também é possível imaginar curvas de indiferença mais afastadas que levariam a aumentos na quantidade de um dos bens e não de outro. Esse bens que sofrem uma queda de consumo conforme haja aumentos de renda são os chamados bens inferiores (podemos tirar como exemplo o consumo de carnes de segunda, onde conforme houvesse aumentos de renda as pessoas consumiriam mais carne de primeira e deixariam de consumir carne de segunda). O bens que sofrem aumentos de demanda quando ocorrem aumentos de renda são chamados de bens normais.
Ao traçar um gráfico que reproduza o consumo de determinado bem em função renda mantidos os preços constantes, estaremos reproduzindo a curva de Engel. E ao traçarmos uma linha entre os pontos de escolha ótima de um consumidor para diferentes níveis de renda sem que se variem os preços e considerando os bens normais, reproduziremos a curva de renda-consumo. O caminho expresso por esta ultima curva é chamado de caminho de expansão da renda.
Vamos agora analisar as mudanças no nível de preços dos bens que até certo ponto é muito parecida com a analise feita a pouco. Para iniciar a análise farei uma suposição pouco realista mas muito útil para expressar um ponto de vista.
Suponha que um consumidor consuma apenas dois bens na economia e que os preços dos bens sejam iguais. Agora vamos supor que com o passar do tempo esta mesma economia teve um aumento(inflação) de 10% em todos os preços da economia. Seria razoável dizer que o efeito do aumento dos preços deslocaria a restrição orçamentaria dos consumidores no sentido da origem, assim como se houvesse uma queda nos salários. Sobre esse ponto de vista faríamos uma análise idêntica à feita anteriormente. Mas se analisarmos variações diferentes para cada um dos preços da economia teríamos que usar os mesmos conceitos de formas diferentes.
Desta vez, vamos supor que apenas um dos preços(o preço do bem 1) sofra um aumento. A restrição orçamentaria também sofreria uma redução, no entanto se o consumidor decidisse por comprar apenas o bem 2(cujo o nível de preço não se alterou) ele ainda poderia comprar a mesma quantidade de bens que poderia comprar antes da restrição orçamentaria se reduzir. Esta é uma maneira simples de se entender o que acontece com a reta de restrição orçamentaria, neste caso ela se torna mais vertical no sentido da origem. Como mostra o gráfico:

Assim como fizemos com a renda, existe também uma classificação para os bens determinada pelas escolhas dos consumidores quando ocorre variações nos preços. Normalmente um bem se torna mais demandado quando ocorre uma queda de preços, esses bens são chamados de bens comuns. No entanto, alguns bens sofrem uma redução da demanda quando ocorre uma queda dos preços. Esses bens são chamados de bens de Giffen.
Ao descrever a curva que passa pelos pontos de escolha ótima para diferentes níveis de preços de determinado bem, obtemos a chamada curva de preço-consumo. E ao traçarmos um gráfico relacionando a quantidade demandada de um bem em função de seu preço, obtemos a famosa curva de demanda.

É isso ai.. desenvolvi a teoria até chegar na curva de demanda. Vale a pena lembrar que a curva de demanda, na maioria das vezes, é negativamente inclinada, ou seja, conforme diminui o preço (eixo y) aumenta-se a demanda (eixo x).

Em seguida falarei sobre a preferência revelada, qualquer duvida ou observação interessante até agora postem nos comentarios que eu atentamente responderei. Seria interessante tentar fazer deste espaço um fórum para trocar idéias sobre a teoria econômica, portanto aos que realmente se interessam, não fiquem omissos.
Um abraço


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Escolhas dos consumidores

Boa tarde leitores. Este será mais um texto de uma sequencia sobre a teoria do consumidor, baseado na obra de Hal R. Varian!
Após analisar as preferências e utilidades de diferentes cestas de bens, nos concentraremos na análise das escolhas que os consumidores farão.
Um consumidor que maximiza a utilidade de suas escolhas, irá optar pela cesta de bens que lhe trará maior utilidade dentro de determinada restrição orçamentária. Como mostra o gráfico:

O gráfico mostra as curvas de indiferença do consumidor sendo a utilidade 1 menor que a utilidade 2 que por sua vez é menor que a utilidade 3, essas preferencias são chamadas de preferências monotônicas (a utilidade da compra cresce de acordo com o crescimento da quantidade de bens, desconsiderando o ponto de saciedade).

Dessa forma, a escolha ótima do consumidor seria o ponto onde a curva de indiferença tangencia a reta de restrição orçamentária do consumidor. No entanto, nem sempre a tangência da curva de indiferença com a reta orçamentária será o ponto de escolha ótima. Essa característica só é valida para as preferências bem comportadas, isto é, as preferências que descrevem curvas de indiferença estritamente convexas.

Daremos então um exemplo baseado em uma curva de indiferença côncava:
Neste caso, apesar de existir uma curva de indiferença que tangencie a reta de restrição orçamentaria, este ponto não será o de escolha ótima pois existe uma curva de indiferença de maior utilidade que passa pela restrição orçamentaria. Perceba ainda que existem dois pontos de ótimo neste gráfico e o consumidor será indiferente na escolha entre as duas cestas.

Como o ponto de ótimo para preferências côncavas situa-se em um ponto onde apenas um dos bens são consumidos, podemos deduzir que tratamos de bens que não são consumidos juntos. Os economistas chamam estes pontos de escolha de ótimos de fronteira, enquanto para preferências convexas temos ótimos interiores.
 
É isso ai.. já postei sobre as preferências, utilidades e escolhas.. finalmente chegamos na determinação da demanda do consumidor!
Durante a semana  postarei, além da teoria da demanda do consumidor, alguma pincelada sobre como aplicar toda a teoria do consumidor na prática.
Até mais.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Preferências do Consumidor

Depois de muito tempo, finalmente produzi um novo texto, desta vez sobre as Preferências do Consumidor. O estudo das Preferências do Consumidor, conciliada a outras teorias microeconômicas e à análise estatística (econometria), é de fundamental importância para a tomada de decisões de uma empresa, a exemplo de uma empresa de transporte coletivo que pretende aumentar a ciculação de seus ônibus.
O texto a seguir será uma breve e grotesca introdução na teoria do consumidor, baseado no livro de VARIAN, Hal R. - MICROECONOMIA. Este livro é texto base para varios cursos de microeconomia e fica como uma indicação para quem se interessa pelo assunto.

O estudo das preferencias do consumidor, conciliado com a restrição orçamentária do mesmo, nos serve de subsídio para entender as escolhas do consumidor. Uma vez que levamos em conta que os consumidores são racionais, e por isso escolhem as melhores coisas pelas quais podem pagar. De outra forma, escolhem os bens que preferem dada uma restrição orçamentária.


As preferências do consumidor podem ser expressas a partir de notações ou graficamente. A partir da análise desses recursos chegamos a conclusões importantes que nos ajudam a entender o comportamento dos consumidores. Essas conclusões podem ser chamadas de axiomas. Como segue:

Completa: Este pressuposto afirma que todas as cestas de bens podem ser comparadas, de forma que os consumidores possam escolher entre elas.

Reflexiva: Todas as cestas são tão boas como elas mesmas. Isso equivale a dizer que nenhum consumidor estaria disposto a pagar mais por umas cesta de bens X igual a cesta Y de menor preço.

Transitiva: O pressuposto da transitividade nos diz que se uma cesta x é preferível à cesta y, e que esta mesma cesta y é preferível à cesta z, a cesta x deve ser necessariamente preferível à cesta z. Isto ocorre pois ao dizer que uma cesta é preferível a outra, isto implica que esta cesta tem uma utilidade maior que a outra. Dessa forma, de acordo com o exemplo, seria impossível que z tivesse uma utilidade maior que a de x.

Tendo isso em mente podemos nos concentrar nas curvas de indiferença.

As curvas de indiferença são formadas pelos pontos em um plano onde diferentes combinações de quantidades de dois bens analisados geram a mesma utilidade para o consumidor. Assim o consumidor se torna indiferente quanto a essas cestas de bens, pois nenhuma delas pode maximizar a utilidade da compra.

De acordo com o pressuposto da transitividade, as curvas de indiferença jamais podem se cruzar, uma vez que existiria uma ponto no cruzamento onde as utilidades das duas curvas seria a mesma, caracterizando uma mesma curva.

É possível descrever exemplos do comportamento das curvas de indiferença apenas baseado no tipo dos bens avaliados. Os bens que são substitutos perfeitos por exemplo, descrevem curvas de indiferença retas com inclinação negativa. A inclinação da curva dependerá da Taxa Marginal de Substituição (TMS).

A Taxa Marginal de Substituição por sua vez, depende das características do consumidor. Caso um consumidor esteja disposto a trocar duas unidades do bem X2 por uma unidade do bem X1 a TMS será igual a -2.

Esta, além de medir a taxa de troca do bem X2 pelo bem X1, também é a inclinação da curva de indiferença. O sinal negativo indica que o processo de troca de bens dentro da mesma curva é inversamente proporcional, de forma que é preciso abrir mão de um bem para adquirir outro sem que a utilidade seja alterada.