domingo, 3 de novembro de 2013

De la servitude moderne!

Desabafo escrito há alguns anos, mas uma verdade que permanece imutável em meu coração. Foge à proposta do blog mas quero acreditar que este pode ser o início de uma nova era de publicações sobre economia teórica.
Segue o link do blog de origem da publicação, e fica a recomendação de um blog com um ótimas reflexões.
http://descobrirepreciso.blogspot.com.br/2011/03/de-la-servitude-moderne.html
Aproveito também para me desculpar antecipadamente pela forma como foi escrito o último parágrafo, mas acredito que alterá-lo nesta publicação não seria justo com a pessoa que o escreveu (eu mesmo alguns anos atrás).
Poderei fornecer diversas referências que inspiraram esta publicação. Se interessar a alguém, basta deixar um comentário.

"Somos todos escravos de um sistema corrupto. Vitimas de armas que controlam nossas mentes ao contrário de nos ferir. Armas que causam alienação.
Pessoas gastam todo o seu tempo trabalhando para enriquecer poucos, acreditam que poderão alcançar um cargo mais alto, ao fazerem isso enriquecem ainda mais a quem os escraviza. Trabalhos repetitivos sejam eles intelectuais ou físicos. As pessoas são treinadas para executar tarefas que desprezam sua capacidade de ajudar a humanidade.
Quando não trabalham estudam por um bom lugar no mercado. Estudo mercantil, não desenvolve o intelecto, apenas aprendem as mesmas tarefas repetitivas que passarão o resto da vida realizando. As faculdades de economia não ensinam nada além do que o sistema capitalista necessita para se fortalecer. Os que se colocam contra o modelo são zombados por aqueles que são a verdadeira piada.
Todo esse tempo, 8h de trabalho, 5h de estudo, e em que sua vida muda? Sempre a mesma coisa, sempre estará atrás de alguém. E pior que isso, estará passando por cima de alguém a cada degrau que lhe parece deixar em posição mais alta. Todo esse tempo Irrecuperável, se fosse usado de outra forma não existiria fome nem miséria.
Não pode se eliminar a corrupção do sistema, pois ele o é por essência. O sistema monetário, por exemplo, coração do capitalismo, trata-se de um sistema baseado em dívidas. Se todos pagassem suas dívidas ao mesmo tempo, não haveria mais moeda em circulação. Por isso, também se tem por essência desse sistema que ninguém pode ter algo sem dever para alguém ou sem que alguém lhe deva.
Radicalismo? O dinheiro foi inventado em uma época de escassez, sem trocas as pessoas não poderiam atender suas necessidades até mesmo biológicas. Mas e agora? Tecnologia é a palavra, quase um sinônimo pra abundância. Sabemos que o homem já foi para o espaço e sabemos que isso era interessante politica e economicamente. Quando veremos o homem acabar com a fome e a miséria? Não temos tecnologia suficiente? Na verdade, não temos viabilidade econômica. Existe viabilidade para produzir Ipod’s e carros de luxo, mas não para transportar agua, comida e medicamentos para as regiões pobres. Que merda é essa?? Quem aguenta viver num mundo doente desse!?!? Aqueles que têm o dinheiro como deus.
Não estou aqui pra falar de socialismo ou capitalismo justo ou qualquer uma dessas merdas corruptas e irrecuperáveis. To aqui porque quero escreve essas merda que eu to falano e to aqui porque já to cansado dessa galera que num busca a verdade. A maioria das pessoas nem sabe que existem novas propostas de organizações sociais, realmente civilizadas e igualitárias, trata-se da economia baseada em recursos, bom para o planeta, bom para nós e péssimo pra todo mundo que tem muito dinheiro tirado de quem só tem trabalho.
Busque a verdade!"

domingo, 26 de junho de 2011

A Natureza da Análise de Regressão

Essa é mais uma parte da introdução dessa matéria (econometria), também baseada no livro de Damodar Gujarat, em breve o blog terá material suficiente para  regredir dados assim como citado no post anterior. A introdução de qualquer matéria sempre foi e sempre será a parte mais chata do estudo, no entanto não menosprezem estas informações. A introdução sempre é uma base de fundamental importância.
Origem Histórica do Termo “Regressão”
O termo regressão remete-se a “regressão à mediocridade”. Francis Galton observou que quanto maior a altura de um grupo de pessoas comparado a outro grupo de menor estatura, a altura de seus descendentes tende a ser maior, no entanto menores que seus pais (em média). Dessa forma, os descendentes de pais altos, naturalmente também são altos, mas não tanto quanto seus pais. Os descendentes de pais baixos, naturalmente também são baixos, mas não tanto quanto seus pais. Desse modo, com o passar das gerações a estatura das pessoas tente a mediocridade, ou de outra forma, regressam à mediocridade.
A Interpretação Moderna da Regressão
Já a interpretação moderna da regressão é bem diferente. Nas palavras de Gujarat:
“A análise de regressão ocupa-se do estudo da dependência de uma variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis explicativas, com o objetivo de estimar e/ou prever a média (da população) ou o valor médio da dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos (em amostragem repetida) das explicativas.”
Relações Estatísticas versus Deterministas
Nas relações estatísticas lidamos com variáveis estocásticas ou aleatórias, nas relações deterministas lidamos com variáveis sem distribuição de probabilidade.
“A palavra estocástica provém da palavra grega stokhos, que significa “alvo”. O resultado do lançamento de dardos contra o alvo é um processo estocástico, isto é, um processo repleto de erros.”.
Nas relações estatísticas sempre haverá alguma variabilidade aleatória ou intrínseca que não poderá ser plenamente explicada, por mais variáveis explicativas que consideremos. Por isso o uso do termo de perturbação (u).
Como exemplo das relações deterministas, podemos citar as funções da física, da matemática e semelhantes.
Regressão versus Causação
Nas palavras de Kendall e Stuart, “uma relação estatística, por mais forte e sugestiva que seja, jamais pode estabelecer uma relação causal: nossas ideias sobre causação dever vir de fora da estatística, enfim, de outra teoria”.
Desse modo, se fizermos um modelo de regressão relacionando consumo e renda, temos que saber que a relação estatística, por si só, não pode logicamente implicar a causação de uma variação no consumo pela renda. Para isso devemos recorrer a teoria econômica.
Regressão versus Correlação
O objetivo básico da correlação é medir a intensidade ou o grau de associação linear entre duas variáveis.
Na regressão supõe-se que a variável dependente seja estocástica, isto é, que tenha uma distribuição de probabilidade. Supõe-se também que as variáveis explicativas tenham valores fixados. Temos assim uma relação assimétrica entre as variáveis.
Por outro lado, na análise de correlação tratamos quaisquer variáveis simetricamente. Não existe distinção entre as variáveis dependente e explicativa.
A Natureza e as Fontes de Dados para a Análise Econométrica
Dados de Série Temporal
Dados em serie temporal são o conjunto de observações dos valores de uma variável em diferentes momentos de tempo. Dados coletados dessa forma podem ser quantitativos ou qualitativos (homem e mulher, paz e guerra). Os dados qualitativos também são chamados de Variáveis Dummy.
Dados de Corte (Cross-Section)
São dados de uma ou mais variáveis coletadas no mesmo ponto no tempo.
Esse tipo de dados causa problemas no que se refere ao efeito escala. Se pegarmos os dados de diferentes estados brasileiros em determinado momento no tempo poderemos, talvez, verificar a heterogeneidade dos dados para cada estado. Ao traçarmos o gráfico desses dados poderemos nos deparar com dados muito dispersos.
Dados Combinados
Nos dados combinados há elementos tanto de séries temporais como de dados de corte.
Existe também um tipo especial de dados combinados, os dados de painel, onde a mesma unidade cross-sectional tem dados periódicos durante determinado período.

Isso aí, passando essa introdução já temos a base para novos conceitos que passam a ser mais interessantes. No entanto mesclarei os posts com materiais de economia do meio ambiente. Uma matéria também muito interessante que está em evidência ultimamente.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Econometria - Uma breve introdução

O texto a seguir é o fichamento grosseiro da introdução de "Econometria Básica" de Damodar N. Gujarati, terceira edição. Estamos todos cansados desses livros que tem "básico" no nome no entanto você nunca viu nada tão complexo, então talvez seja interessante ler, de forma resumida, pontos como os que eu posto aqui e fazer uma leitura detalhada do livro para se aprofundar sem perder as noções globais(não necessariamente nessa ordem). Em breve postarei mais textos deste livro.

O que é econometria?
Literalmente, econometria significa medida econômica, no entanto ela é mais abrangente.
Segundo Samuelson econometria pode ser definida como “... a análise quantitativa de fenômenos econômicos concretos, baseada no desenvolvimento simultâneo de teoria e observação, relacionadas por métodos de inferência adequados.”.

Por que uma disciplina autônoma?
A econometria dá conteúdo empírico à grande parcela da teoria econômica. Quantifica o que foi estabelecido por determinada relação de conteúdo econômico. Portanto a econometria existe de forma autônoma para, principalmente, fazer a verificação empírica da teoria econômica.

Metodologia da Econometria

1.       Formulação da teoria ou da hipótese

2.       Especificação do modelo matemático da teoria

3.       Especificação do modelo econométrico da teoria

4.       Obtenção de dados

5.       Estimativa dos parâmetros do modelo econométrico

6.       Teste de hipótese

7.       Previsão ou predição

8.       Utilização do modelo para fins de controle ou política

a)      Formulação da teoria ou da hipótese
A formulação da teoria ou da hipótese deve ser a base para a criação do modelo, como exemplo podemos citar a teoria Keynesiana do consumo que relaciona positivamente renda e consumo.

b)      Especificação do modelo matemático da teoria
Para o exemplo anterior, podemos exemplificar o modelo matemático com uma função de consumo onde Y é o consumo, X a renda e o coeficiente β2 é a propensão marginal a consumir onde com base no modelo anterior deve ser positivo mas menor que 1, pois o consumo não aumenta na mesma escala que renda, segundo Keynes.

c)       Especificação do modelo econométrico da teoria
A equação acima demonstra uma relação determinística e exata entre renda e consumo, no entanto sabemos que as relações econômicas não são exatas, até porque não apenas a renda altera o consumo.
Para isso o econometrista insere no modelo o termo de perturbação ou erro (u), esta é a variável representa todos os fatores que afetam o consumo, mas não são considerados explicitamente como a renda.

d)      Obtenção de dados
Para obter os valores de β na equação anterior, precisamos de dados. Para nosso exemplo de modelo podemos utilizar a renda nacional bruta pra valores de X e o consumo pessoal agregado para os valores de Y. É importante no caso onde as amostras de dados formam uma série temporal, é necessário que os valores de X e Y estejam a preços constantes.

e)      Estimativa dos parâmetros do modelo econométrico
A estimativa dos parâmetros é a obtenção dos valores de β para os dados obtidos no passo anterior. Esta etapa exige conhecimentos específicos em econometria que serão vistos adiante.

f)       Teste de hipótese
O teste de hipótese corresponde ao campo da estatística conhecido como inferência estatística, seu objetivo no modelo é assegurar que os resultados são estatisticamente confiáveis.

g)      Previsão ou predição
Após estes passos podemos utilizar o modelo para prever os valores futuros da variável dependente (previsão) com base nos valores futuros conhecidos ou esperados da variável explicativa (previsor).

h)      Uso do modelo para fins de controle ou elaboração de política econômica
A respeito da elaboração de política econômica, pode ser provado que combinando política fiscal e monetária apropriadas, o governo pode manipular a variável de controle X para produzir o nível desejado da variável-alvo Y.

Por enquanto ficamos por aqui, apenas com estes simples conceitos iniciais mas de fundamental importancia para todo o resto da teoria.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Comprando e Vendendo

Bom dia, apresentarei agora mais uma parte da teoria do consumidor, também baseada em Microeconomia do Varian. Atento para o fato que para entender o conteúdo dessa postagem é preciso primeiro entender o que foi dito na postagem anterior.
A equação de Slutsky apresentada anteriormente, levava em consideração no desagrupamento da demanda o efeito substituição e o efeito renda, no entanto tínhamos a renda como dada.

Aprofundando o modelo, sentimos necessidade de tornar esta renda variável, uma vez que uma mudança nos preços pode também alterar a renda dos consumidores, se os considerarmos também como vendedores.
Para isso, inserimos no modelo o que chamamos de dotação, isto é a cesta de bens que o consumidor leva para casa, demanda bruta, menos o que os consumidores levam ao mercado é a chamada demanda líquida.
Perceba que a demanda líquida pode ser positiva ou negativa, sendo a demanda negativa um sinônimo para a oferta. Observe o gráfico da curva de demanda.
Note que as variações dos preços podem fazer com que os consumidores deixem de ser demandantes do produto e passem a ser ofertantes do mesmo. Por isso precisamos de duas formulas para a demanda líquida, como segue.

Demanda positiva
d1 (p1,p2) = x1 (p1,p2) – w1 se for positivo
d1 (p1,p2) = 0 se não for
Demanda negativa (oferta)
s1 (p1,p2) = w1 – x1 (p1,p2) se for positivo
s1 (p1,p2) = 0 se não for
Sendo w1 a dotação inicial do bem 1. A cesta de dotação inicial será representada por (w1,w2).
Este é o comportamento da demanda (considerando a oferta como a demanda negativa) para as variações de preços. Mas o que acontece com a restrição orçamentaria quando essas variações acontecem?
Anteriormente, vimos que uma diminuição do preço do bem 1, torna a restrição orçamentaria mais plana, no entanto, considerávamos a renda monetária constante. Dessa vez, como convém considerar a renda monetária variável de forma que a curva de restrição orçamentária irá girar em torno da cesta de dotação do consumidor e não no intercepto vertical como anteriormente.
Convém girar a restrição orçamentaria em torno da dotação, uma vez que a dotação sempre poderá ser adquirida. Além disso, a dotação situa-se na mesma restrição orçamentaria que a escolha, uma vez que a renda do consumidor depende da venda de sua dotação. Pode-se considerar o trabalho como uma dotação do consumidor.

Já podemos supor que as variações da renda monetária geram variações na demanda final do produto, tornando a equação de Slutsky usada anteriormente de pouca eficácia, para obter os resultados corretos devemos adicionar à equação o efeito renda-dotação.Segundo Varian,
“Quando o preço da dotação varia, a renda monetária também varia, e essa alteração da renda monetária produz uma variação na demanda.”, p.177.

Temos que:
Efeito Renda-Dotação = variação na demanda quando a renda varia * variação na renda quando o preço varia
Variação da demanda quando a renda varia = Δx1(m) / Δm
Variação da renda quando o preço varia = Δm / Δp1 = w1
Dessa forma,
Efeito Renda-Dotação= (Δx1(m) / Δm) * w1
A nova equação de Slutsky é:
A análise da fórmula nos mostra que a demanda final de um bem após a alteração de seu preço depende se o consumidor é demandante líquido ou ofertante líquido (w1 – x1).

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Efeito Renda e Efeito Substituição

Hoje, complementaremos a teoria do consumidor com base na teoria de Eugen Slutsky. Fundamental para a análise enconômica, a Equação de Slutsky mereceu um capitulo inteiro no livro de Micro do Varian, na qual venho me inspirando.
 A equação de Slutsky resumi-se em um desmembramento da variação da demanda quando se varia o preço de um bem. Este conceito torna-se importante à medida que descobrimos de que forma se da a variação da demanda, seja pelo efetivo efeito da variação do preço ou da variação do poder de compra gerado pela própria variação do preço.

Segundo Varian,
“Quando o preço de um bem varia, há dois tipos de variação: a taxa à qual podemos trocar um bem por outro varia, e o poder aquisitivo total da renda é alterado”p.145.

A variação da demanda causada pelo primeiro dos efeitos citados acima, é chamado de efeito substituição, isto é, a variação do preço de determinado bem mudou a taxa de troca desse bem por outro, de forma que torna-se mais interessante ao consumidor alterar a relação entre as quantidades consumidas dos dois bens na hora de sua compra.
Como a variação dos preços de um bem altera o poder de compra do consumidor não chegaríamos ao efeito substituição sem antes fazer alguns ajustes no poder de compra do consumidor, por isso devemos restringir sua renda monetária para chegarmos ao efeito substituição. Algebricamente temos:

m = x1*p1 + x2* p2 (restrição orçamentária original)
m'=x1*p'1 + x2*p2 (restrição orçamentária ajustada aos novos preços)

Se fizermos uma menos a outra temos,

(m' - m)=x1(p'1 – p1)

De outra forma,

∆m = x1 * ∆p1

Esta formula nos diz que ao ajustarmos o orçamento do consumidor para os novos preços do bem 1, temos que multiplicar a quantidade consumida do bem 1 pela variação dos preços do mesmo e somar à antiga restrição orçamentária do consumidor.
Assim, teremos que o efeito substituição é a demanda do consumidor para os novos preços e a nova renda calculada, menos a antiga demanda do consumidor.

∆x1(s) = x (p'1,m') – x (p1,m)

Mostrarei graficamente:
Considerando o gráfico, a reta orçamentaria depois de ajustado do poder de compra, será a reta que faz um giro no ponto de escolha ótima da reta onde o preço de p1 ainda não havia aumentado. Dessa forma, a escolha ótima que o consumidor faria caso o preço do bem 1 se alterasse mas se o seu poder de compra se mantivesse o mesmo menos a escolha ótima do consumidor antes da alteração do preço do bem 1 é denominado efeito substituição.


O segundo efeito citado por Varian, de que o poder aquisitivo total da renda é alterado, no mostrará o efeito renda.
Como mostra o gráfico, o efeito renda é a variação na demanda do bem 1 quando se desloca a restrição orçamentária sem que se altere a relação entre os preços. Algebricamente temos:

∆x1(r) = x (p'1,m) – x (p'1,m')

A equação nos diz que o efeito renda é a demanda para o novo preço mantida a antiga renda menos a demanda para o novo preço e a nova renda.
Analisaremos agora algumas conclusões que podemos tirar a partir do desmembramento da demanda do consumidor. Para isso devemos relembrar alguns pontos a respeito da classificação dos bens.

Bem Comum: Aumentos do preço levam a diminuições na demanda.
Bem de Giffen: Aumentos do preço levam a aumentos na demanda.
Bem Normal: Aumentos na renda levam a aumentos na demanda.
Bem Inferior: Aumentos na renda levam a diminuições na demanda.

Sabemos que o efeito substituição é sempre negativo, isto é, sempre irá no sentido contrário dos preços. Para facilitar o entendimento basta analisar o gráfico expostos anteriormente. Ao olhar a reta orçamentaria ajustado o poder de compra, qualquer cesta de bens a esquerda da cesta ótima original contraria o princípio da transitividade, pois estaria em um ponto abaixo da restrição orçamentaria original e, portanto, atingiria uma curva de indiferença de menor utilidade.
Desse modo, podemos afirmar que se os preços diminuem o efeito substituição será positivo, e se os preços aumentam o efeito substituição será negativo.
Tendo que a demanda total de um bem é a soma das demanda pelo efeito substituição e pelo efeito renda, podemos concluir que o caso dos bens de Giffen é causado pelo efeito renda, de forma que se os preços aumentarem a demanda pelo efeito substituição diminuirá e o aumento da demanda pelo efeito renda será maior que a queda do efeito substituição, para que a demanda final seja maior depois do aumento dos preços.
Perceba que eu supus que o aumento dos preços levaria a aumento da demanda pelo efeito renda. Como o aumento do preço restringi o poder de compra do consumidor(como uma diminuição da renda) e, neste caso, levou a um aumento na demanda pelo bem, podemos dizer que este é um bem inferior.
Dessa forma, podemos rotular todos os bens de Giffen como bens inferiores, no entanto não podemos dizer o inverso, pois o aumento da demanda pelo efeito renda poderia ter sido menor que que a diminuição da demanda pelo efeito substituição, isso levaria a uma queda na demanda total caracterizando um bem comum.
É isso! Semana que vem, postarei um texto que será como uma aprofundamento da Equação de Slutsky, onde os agentes além de comprar bens, também os venderão em quantidades diferentes para mundanças nos preços.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Preferência Revelada e Taxa Marginal de Substituição

Bom, até agora vimos muita teoria sobre como os economistas entendem as preferências do consumidor, no entanto, esta dinâmica dos consumidores é dificil de se enxergar na prática. Por isso estou postando este texto sobre a teoria da Preferência Revelada, que, apesar de ser um texto teórico, ajuda a aplicar os conhecimentos adquiridos com a teorica do consumidor. Como os anteriores, este texto é inspirado no livro de Hal R. Varian. Tirem proveito!

Até agora, pudemos prever as escolhas dos consumidores com base nas preferências dos mesmos, no entanto, na vida real as preferências não são diretamente observáveis, por isso temos que estimar suas preferências e consequentemente suas curvas de indiferença com base em suas escolhas(processo inverso) para então prevermos as suas escolhas futuras. Para isso tomamos como hipótese que as preferências dos consumidores são imutáveis, o que não é muito real se tomarmos como base o longo prazo, mas se utilizarmos como referência o curto prazo nossas estimativas se tornarão bem próximas da realidade.


O processo inverso da teoria é muito simples. Se um consumidor vai ao mercado e escolhe uma cesta de bens em detrimento de outra já poderemos inferir algo sobre suas preferências básicas. Dizemos que a cesta X escolhida é revelada como preferida a cesta Y. Isto nos diz apenas que a cesta X foi escolhida quando outra cesta Y poderia ter sido escolhida, e por isso a cesta X é considerada preferida para aquele consumidor. Graficamente temos:

Além disso, de acordo com o princípio da transitividade, se analisarmos as cestas Y e Z em outro contexto, e descobrirmos que Y foi revelada como preferida a Z, poderemos também dizer que a cesta X é indiretamente revelada como preferida à cesta Z.

Taxa Marginal de Substituição


Existe também um aspecto importante a ser observado sobre o mercado para podermos tirar conclusões sobre o comportamento dos consumidores. Este aspecto diz respeito a relação entre os preços dos produtos e a taxa marginal de substituição dos bens pelos consumidor.

Em mercados equilibrados, os preços se ajustam de forma a igualar a oferta e a demanda. Esse ajuste de preços contém mais informações do que apenas números. Mostrarei um exemplo.

Suponha que estamos analisando dois produtos em um mercado, requeijão e margarina. Agora imagine que o preço do requeijão seja igual a $3,00 e o da margarina seja $1,00. Podemos dizer que a taxa de troca do mercado para esse produto é de p1/p2=3/1, pois uma unidade de requeijão compra 3 unidades de margarina. Ora, se sabemos que esses preços foram ajustados pela demanda do consumidor, podemos presumir que sua taxa de troca deve ser a mesma do mercado. Logo, a escolha ótima do consumidor entre margarina e requeijão será a escolha onde a taxa marginal de substituição for igual a 3.


TMS = Δx2/Δx1 = p1/p2

Isso quer dizer que a cesta dos consumidores terão sempre 3 vezes mais margarina que requeijão.

Isto ocorrerá para todas as cestas de ótimas, isto é, a inclinação da curva de indiferença(taxa marginal de substituição) no ponto de tangência com a restrição orçamentária, será sempre igual à divisão entre os preços dos bens 1 e 2.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Demanda do consumidor

Bom dia.A teoria do consumidor terá continuidade neste texto a partir da determinação da demanda, baseado na obra de Hal R. Varian!
Pode-se dizer que os consumidores demandam bens de acordo com a equação x1*p1+x2*p2=m. Lê-se que a quantidade consumida do bem 1 multiplicada pelo preço do bem 1 mais a quantidade consumida do bem 2 multiplicada pelo preço do bem 2 deve ser igual ao orçamento do consumidor.
Esta equação é mais abrangente do que aparenta, pois se considerarmos x1 como a quantidade demandada de um bem analisado e x2 como a quantidade de dinheiro demandada para consumo de todos os outros bens e serviços do mercado ainda assim a equação seria válida. Dessa forma, p2 seria igual a 1 e x2 poderia considerar até mesmo a demanda por poupança de um consumidor.
Tomando a equação como base podemos dizer que a demanda pelo bem 1 de determinado consumidor é uma função dos preços dos bens 1, 2 e da renda.
x1 = x1 (p1,p2,m)
x2 = x2 (p1,p2,m)
Vamos então analisar as variações na demanda com base nas variações nos preços dos bens e também na variação da renda dos consumidores.
A começar pelas variações da renda, podemos dizer que aumentos de renda deslocariam a reta de restrição orçamentaria para fora o que nos levaria a pontos de tangência com curvas de indiferença mais afastadas da origem. Dessa forma, podemos dizer que aumentos de renda nos levaria a escolhas ótimas onde a quantidade de bens na cesta seria maior, no entanto, também é possível imaginar curvas de indiferença mais afastadas que levariam a aumentos na quantidade de um dos bens e não de outro. Esse bens que sofrem uma queda de consumo conforme haja aumentos de renda são os chamados bens inferiores (podemos tirar como exemplo o consumo de carnes de segunda, onde conforme houvesse aumentos de renda as pessoas consumiriam mais carne de primeira e deixariam de consumir carne de segunda). O bens que sofrem aumentos de demanda quando ocorrem aumentos de renda são chamados de bens normais.
Ao traçar um gráfico que reproduza o consumo de determinado bem em função renda mantidos os preços constantes, estaremos reproduzindo a curva de Engel. E ao traçarmos uma linha entre os pontos de escolha ótima de um consumidor para diferentes níveis de renda sem que se variem os preços e considerando os bens normais, reproduziremos a curva de renda-consumo. O caminho expresso por esta ultima curva é chamado de caminho de expansão da renda.
Vamos agora analisar as mudanças no nível de preços dos bens que até certo ponto é muito parecida com a analise feita a pouco. Para iniciar a análise farei uma suposição pouco realista mas muito útil para expressar um ponto de vista.
Suponha que um consumidor consuma apenas dois bens na economia e que os preços dos bens sejam iguais. Agora vamos supor que com o passar do tempo esta mesma economia teve um aumento(inflação) de 10% em todos os preços da economia. Seria razoável dizer que o efeito do aumento dos preços deslocaria a restrição orçamentaria dos consumidores no sentido da origem, assim como se houvesse uma queda nos salários. Sobre esse ponto de vista faríamos uma análise idêntica à feita anteriormente. Mas se analisarmos variações diferentes para cada um dos preços da economia teríamos que usar os mesmos conceitos de formas diferentes.
Desta vez, vamos supor que apenas um dos preços(o preço do bem 1) sofra um aumento. A restrição orçamentaria também sofreria uma redução, no entanto se o consumidor decidisse por comprar apenas o bem 2(cujo o nível de preço não se alterou) ele ainda poderia comprar a mesma quantidade de bens que poderia comprar antes da restrição orçamentaria se reduzir. Esta é uma maneira simples de se entender o que acontece com a reta de restrição orçamentaria, neste caso ela se torna mais vertical no sentido da origem. Como mostra o gráfico:

Assim como fizemos com a renda, existe também uma classificação para os bens determinada pelas escolhas dos consumidores quando ocorre variações nos preços. Normalmente um bem se torna mais demandado quando ocorre uma queda de preços, esses bens são chamados de bens comuns. No entanto, alguns bens sofrem uma redução da demanda quando ocorre uma queda dos preços. Esses bens são chamados de bens de Giffen.
Ao descrever a curva que passa pelos pontos de escolha ótima para diferentes níveis de preços de determinado bem, obtemos a chamada curva de preço-consumo. E ao traçarmos um gráfico relacionando a quantidade demandada de um bem em função de seu preço, obtemos a famosa curva de demanda.

É isso ai.. desenvolvi a teoria até chegar na curva de demanda. Vale a pena lembrar que a curva de demanda, na maioria das vezes, é negativamente inclinada, ou seja, conforme diminui o preço (eixo y) aumenta-se a demanda (eixo x).

Em seguida falarei sobre a preferência revelada, qualquer duvida ou observação interessante até agora postem nos comentarios que eu atentamente responderei. Seria interessante tentar fazer deste espaço um fórum para trocar idéias sobre a teoria econômica, portanto aos que realmente se interessam, não fiquem omissos.
Um abraço